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Hucitec
1. Edição
2023
Número de páginas: 244
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Hucitec
1. Edição
2023
Número de páginas: 244
Peso | 0,370 kg |
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Dimensões | 12 × 21 × 1 cm |
De novo o tema do “trote universitário” no nosso radar. Que pena que ainda segue como tema de pesquisa. Apesar de vários estudos, a cultura do trote persiste. Quando será celebrado a sua erradicação? O que falta saber para enfrentar esse problema?
Mas como as nossas pesquisas estão dizendo, e Silmara reforça aqui neste livro, há que se buscar sua raiz, em outras palavras estudar o tema com radicalidade. A falta de uma interpretação mais elaborada sobre o trote seria uma das razões para sua continuidade.
Assim como a pandemia da COVID-19 escancarou a injusta distribuição de poder, recursos e serviços no Brasil entre grupos sociais e entre regiões das cidades com nefastas consequências, o livro de Silmara, que foi gerado a partir de sua tese que tive o prazer de orientar, escancara as injustas assimetrias de classe, raça/etnia, gênero, orientação sexual nas escolas médicas, com suas nefastas consequências (a repetição é proposital!).
Esperar a vacina que proteja contra a COVID-19 como uma “bala de prata” que erradicará o problema é no mínimo ingenuidade, e no máximo uma profunda má-fé, ou para amenizar, desonesto intelectualmente. A vacina é bem-vinda, mas somente um olhar articulado, integrado, participativo, solidário, generoso, político e crítico sobre o modo de consumo e produção na sociedade capitalista terá a potência de ir na raiz da produção de epidemias. Em outras palavras, produzir um outro contrato social regenerativo, em que “eu”, “nós”, “as instituições” e o “mundo” passem por um profundo exercício de autocrítica dos nossos modos de existir e relacionarmos. Será que escutaremos a “cruel pedagogia do vírus” como menciona Naomar de Almeida Filho — citando Boaventura de Souza Santos, em sua entrevista de 27 de agosto de 2020, disponível em https://www.ecodebate.com. br/2020/08/27/vacinanao- e-bala-de-prata-pandemia-exige-acoes-complexas/.
Silmara, então, com um profundo sentido ético-político e uma imensa afetividade pelos estudantes de Medicina não poupa esforços para ir na raiz da produção social dos trotes universitários e mostra que na escola médica “existem sistemas organizados e naturalizados de desigualdades, que ocultam e perpetuam a violência como algo normal e que a cultura do trote, instalada em muitas escolas de ensino superior no Brasil e em outras partes do mundo, é um daqueles sistemas organizados e naturalizados de desigualdades e violência como algo normalizado em nome de uma tradição”.
Assim como, uma efetiva ação sobre pandemias clama por um profundo exercício crítico e político sobre os modos de produzir e consumir na nossa sociedade, a efetiva ação sobre o trote universitário clama por desnaturalizar as assimetrias de poder como se fossem parte da tradição e do necessário cumprimento da hierarquia da estrutura de funcionamento do modelo médico. O livro de Silmara contribui com isso, desocultando, revelando explicitando, visibilizando essa estrutura de poder para além da relação calouro-veterano mostrando as distintas faces identitárias dessa estrutura de poder.
Nossa hipótese é que essa é a raiz das assimetrias e que trazê-la a luz do dia, pode ajudar o coletivo dos estudantes e docentes a reconstruírem o contrato social das relações livres e soberanas entre homens, mulheres, outras e outros nas escolas médicas. Que a luz ilumine nossos corpos, corações e mentes!
— MARCO AKERMAN
Professor da Faculdade de Saúde Pública – USP
“Uma outra Universidade mais democrática e igualitária é não apenas possível, mas necessária. As pesquisas e as conclusões da Professora Silmara sobre o trote indicam um obstáculo central a ser superado para alcançarmos esta nova e futura Universidade. Não basta formar bons profissionais. Antes de tudo, precisamos romper com a barbárie e, em sentido profundo, humanizar as atividades acadêmicas. Por uma Universidade sem trote.”
— ANTÔNIO ALMEIDA, Professor da ESALQ – USP
SOBRE A AUTORA
Silmara Conchão
Doutora em Ciências da Saúde (FMABC/FUABC). Mestra em Sociologia pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Professora de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC. Coordenou a Assessoria dos Direitos da Mulher da Prefeitura de Santo André e o Grupo de Trabalho Gênero e Raça do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (2001 a 2005), coordenou dois Programas da Secretaria Municipal de Saúde de Santo André (2006-2008), responsável pelas áreas de Saúde da Juventude e Atenção à Violência e Abuso Sexual. Em 2017 foi condecorada com a Medalha Ruth Cardoso (Conselho Estadual Condição Feminina) pelo reconhecimento à dedicação às questões relacionadas ao desenvolvimento e a autonomia das mulheres no Estado de São Paulo. Ex-Secretária de Políticas para as Mulheres de Santo André e atual Presidenta do Cesco – Centro de Estudos de Saúde Coletiva/ FMABC
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