“A capacidade mental do negros é discutida a priori, e a dos brancos a posteriori” (L. Barreto)
Psicanálise na encruzilhada vem ao encontro do desejo — eminente no mundo psicanalítico — de exercitar um pensar que possibilite um diálogo com as demais áreas do conhecimento, correlacionadas com a problemática do racismo no Brasil, mas sobretudo, desenvolve ideias que visam trabalhar as especificidades do saber psicanalítico e suas contribuições para o estudo desse campo — entre desafios e paradoxos. Nessa encruzilhada — a posteriori e não a priori — que remete ao saber criativo da ancestralidade africana, encontramo-nos com uma psicanálise que não se exime de seu lugar de levantar interrogações e propor direções que sinalizem cruzos para a resolução do racismo à brasileira: perlaboração de uma perspectiva antirracista para psicologia das profundezas. Perante essa condição de subversão, o pulsional entre disjunção e conjunção, produz, via palavra escrita, novos roteiros, que afetam e convocam para uma leitura implicada sobre o racismo e seu fator originário – a branquitude estrutural.
— Ignácio A. Paim Filho ( Médico, psicanalista, membro pleno do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEdePA) e membro titular e didata da Sociedade Brasileira de Porto Alegre (CBPdePA)).
SUMÁRIO
Parte I: Encruzas das relações raciais: reflexões sobre branquitude, mestiçagem e negritude à luz da psicanálise
CAPÍTULO 1, Estudos psicanalíticos sobre o racismo: branquitude e mestiçagem como ideologias, Eliane Silvia Costa & Maria Inês Assumpção Fernandes
CAPÍTULO 2, Do Olhar do outro à sublimação de se constituir negro, Isildinha Baptista Nogueira
Parte II: Encruzas da colonialidade: Clínica psicanalítica descolonizada e antirracista
CAPÍTULO 3, Racismo e psicanálise: marcas coloniais na escuta clínica, Cristina Rocha Dias
CAPÍTULO 4, Por uma psicanálise antirracista: a psicanálise na encruzilhada, Emiliano de Camargo David, Patricia Villas-Bôas & Lívia Santiago Moreira
CAPÍTULO 5, O transtraumático e o inconsciente colonial: reflexões sobre a branquitude do Analista, Ana Gebrim
CAPÍTULO 6, Colonialidade e processos de subjetivação: aquilombamento na clínica, Kwame Yonatan Poli dos Santos
CAPÍTULO 7, Winnicott e o caso Mollie: considerações a partir da temática do racismo, Marina Rodrigues Reigado & Fábio R. R. Belo
Parte III: Diálogos de psicanalistas nas encruzas: sonhos, privilégios e antinarcisismo
CAPÍTULO 8, Antinarciso e o devir revolucionário de Franz Fanon: diálogos entre psicanálise, política e racismo, José Damico, Taiasmim Ohnmacht & Tadeu de Paula Souza
CAPÍTULO 9, Sobre sonhos, Titanics e Navios Negreiros, Ana Lucia Gondim Bastos, Adriana Domingues & Jaquelina Imbrizi
CAPÍTULO 10, O privilégio da ignorância, Eduardo Lara
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