… Este não é apenas o trabalho sobre dez mulheres pretas. Ele é sobre todas nós. Com uma sensibilidade impressionante, as autoras conseguem dar voz a uma experiência coletiva, tecendo uma narrativa de resistência, dor, resiliência e, sobretudo, verdade. — Do Prefácio de Elizabeth Cardoso … uma questão crucial: o que signica ser mulher negra no Brasil? […] Esse é o ponto de partida para uma análise mais profunda, que atravessa a história, a cultura e os discursos que formam as percepções sobre negritude em nosso país. (PUC-SP/Líder do Grupo de pesquisa Literatura de Ancestralidade Negra) O tema explorado — o racismo estrutural e o impacto na vida das mulheres negras — é dolorosamente atual. A cada dia, vemos como essas questões continuam a ser centrais na sociedade brasileira, e o trabalho de Tania e Beth oferece uma documentação precisa e sensível dos mecanismos do racismo.
Discursos de mulheres negras: construção de sentidos e identidades é uma obra provocativa sobre racismo estrutural, tema urgente e de fundamental importância na contemporaneidade. Não apenas o racismo estrutural como princípio que fundamenta os debates em torno do tema, o que já seria pertinente, mas o racismo estrutural concretizado no sofrimento social, cultural e fundamentalmente existencial de 10 mulheres negras, brasileiras. Os depoimentos são comoventes e convidam os leitores a repetir sobre seus posicionamentos diante da diversidade racial no Brasil. A gênese deste livro é a tese de doutorado de Tania Barreira Rodrigues (2021), Análise dialógica de discursos de mulheres negras: construção de sentidos e identidades, orientada pela professora doutora Beth Brait. A construção discursiva resulta da leitura e discussão de textos literários de temática étnico-racial em três encontros, nos quais as participantes tomam a palavra, se posicionam, ressignificam os textos e expõem sua luta e resistência contra a opressão racial na infância, no trabalho e nos relacionamentos interpessoais.
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Sumário
Agradecimentos
Lista de quadros
Prefácio, Elizabeth Cardoso
Introdução
– Dos bastidores da obra
- – Dos bastidores da pesquisa e seu duplo resultado
Capítulo 1: A infância de meninas pretas: memórias, dor, autoconsciência e voz…
Capítulo 2 :A voz de Viviane
Capítulo 3: A voz de Jussara
Capítulo 4: A voz de Elizete
Capítulo 5: A voz de Rosana
Capítulo 6: A voz de Ana
Capítulo 7: A voz de Helena
Capítulo 8: A voz de Fabiana
Capítulo 9: A voz de Laura
Capítulo 10: A voz de Valéria
Capítulo 11: A voz de Gisele
Capítulo 12: Resistência negra no feminino:“quando me descobri negra”
Capítulo 13: A identidade negra construída no embatecom o discurso do outro
Capítulo 14: Descobrir-se negro; descobrir-se negra:ação e controle
Capítulo 15: A solidão da mulher negra
Capítulo 16: Amor afrocentrado – Resistência ou conservadorismo?
Capítulo 17: Considerações finais
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Sobre as autoras
Tania Barreira Rodrigues é doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (P UC-SP). Desde a década de 1990, suas investigações voltam-se para questões étnico-raciais no Brasil e nos Estados Unidos. No verão de 2015, participou de um curso sobre a vida e história dos afro-americanos no Institute for Re search in African-American Studies da Universidade de Columbia/NY/EUA. Ao retornar ao Brasil, direcionou sua pesquisa para as relações raciais do povo brasileiro, em especial da mulher negra. Atualmente, integra o projeto CNPq “Discursos de existência, inclusão e (in)visibilidade: perspectiva dialógica”.
Beth Brait é crítica, ensaísta, docente da PUC-SP, atuando nos PP Gs de Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e Literatura e Crítica Literária, aposentada da USP. Fez graduação em Letras, doutorado e Livre-D o ciência na USP, e pós-doutorado na École des Hautes É tudes en Sciences Sociales – Paris/França. É pesquisadora nível 1A do CNPq, c coordena o Projeto CNPq “Discursos de existência, inclusão e (in)visibilidade: perspectiva dialógica”, é editora chefe do periódico Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso.