A proliferação de aplicações de inteligência artificial (IA) na vida social tem sido acompanhada por correspondentes iniciativas editoriais que procuram contextualizar, descrever ou analisar como chegamos aqui, que oportunidades se
abrem e quais os riscos inerentes.
No entanto, é justo reconhecer que tais iniciativas são heterogêneas e têm frequentemente produzido uma certa cacofonia de vozes que nem sempre acrescentam uma desejável mais-valia ao debate público e à investigação acadêmica. Comecemos por afirmar claramente: não é esse o caso aqui.
No território da algoritmosfera, somos conduzidos a questionar nossas próprias percepções sobre o que significa ser inteligente e, inevitavelmente, sobre o que já hoje e num futuro breve significa e significará ser artificial. Camila Leporace mergulha nas profundezas fascinantes da interseção entre a cognição humana e a inteligência artificial. A linguagem acessível torna este livro uma leitura cativante para estudiosos, entusiastas da tecnologia e curiosos de todas as áreas – um fator adicional para a constituição de uma tão necessária literacia para a inteligência artificial.
Inseridos na algoritmosfera, mantemos uma relação de retroalimentação com os sistemas artificiais à nossa volta. Sistemas de aprendizagem de máquina dependem essencialmente de dados para funcionar. Nossos dados.
Quais podem ser, então, os efeitos das trocas que mantemos com esse ambiente digital, que não apenas habitamos, mas que também construímos? Para avançarmos na compreensão da nossa relação com as tecnologias digitais emergentes, tornam-se essenciais as reflexões sobre a mente humana e a nossa atividade cognitiva.
Se a aprendizagem humana está para além da aprendizagem de máquina, a mente está para além do cérebro, e a totalidade humana está muito além dos dados e dos algoritmos.
A obra transcende barreiras disciplinares, proporcionando uma visão integradora que desafia preconceitos acadêmicos e incentiva o diálogo e a colaboração mais estreitas, apenas elas capazes de diluir a artificialidade de fronteiras, interiorizadas e/ou institucionalizadas, entre ciências biológicas, da computação, sociais e humanidades. Nesse sentido, Algoritmosfera não apenas informa, mas também inspira, convidando à contemplação-ação de um futuro com uma apreciação renovada pela complexidade da cognição humana e do empreendimento humano da sua transposição para
máquinas.
Paulo Nuno Vicente — Universidade Nova de Lisboa
SUMÁRIO
PREFÁCIO, Fátima Régis
INTRODUÇÃO
1. TECNOLOGIAS DA MENTE E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
2. CIBORGUES DESDE SEMPRE: As tecnologias de extensão da mente
3. A MENTE ENATIVA: A importância da percepção-ação na cognição humana
4. A AUTONOMIA HUMANA NA ALGORITMOSFERA
5. ROMPER COM A CIRCULARIDADE ALGORÍTMICA
REFERÊNCIAS
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
SOBRE A AUTORA
Camila De Paoli Leporace
É uma pesquisadora interessada na relação humana com as tecnologias digitais e, particularmente, na forma como lidamos com a inteligência artificial. Doutora em educação, entre os anos 2019 e 2023, desenvolveu sua pesquisa sobre a inteligência artificial, a cognição e a aprendizagem na PUC-Rio, Brasil, e na Universidade de Coimbra, Portugal.
É professora e jornalista com experiência de 20 anos em comunicação para as novas mídias. Está envolvida em projetos de comunicaçã o da IA e comunicaçã o de ciência, e realiza palestras para escolas e universidades. Entre os temas que a motivam estão as várias dimensões das questões ligadas à relação humana com as tecnologias, especialmente a criatividade humana em meio à popularização da IA, e os caminhos que podemos tecer a partir dessa relação.
A autora mantém um blog em que discute temas de sua pesquisa em
camilaleporace.com.br