A teoria da alegoria que o filósofo crítico Walter Benjamin elabora em Origem do Drama Trágico Alemão é o horizonte teórico e conceitual de uma pesquisa assumidamente esotérica sobre alegorias carnavalescas que foram proibidas de desfilar no sambódromo carioca. Envereda pela teoria crítica da sociedade para, de um ponto e vista crítico da teoria e da história da arte, refletir sobre o Cristo Mendigo, abre-alas do desfile Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia!, assinado por Joãosinho Trinta na Beija-Flor de Nilópolis, em 1989. O diálogo entre esta e outras cenografias carnavalescas conforma a “carnavalíssima trindade” e gera contradições e correspondências entre alegoria e censura, sambódromo e barracão, história e crítica, arte e política.
Ao ser atravessada pelo conceito de “alegoria” de Walter Benjamin, esta investigação sobre a cenografia de escolas de samba do carnaval carioca resultou em uma série de reflexões críticas sobre alegorias carnavalescas que desafiaram o Estado e a Igreja, as normas do carnaval e as leis da sociedade brasileira. Proibidas de desfilar nos concursos promovidos pela LIESA na Passarela do Samba Professor Darcy Ribeiro, as alegorias abriram um espaço de reflexão sobre a arte carnavalesca, exposto neste livro em episódios de debate sobre experiências carnavalescas e imagens de pensamento.
SOBRE A AUTORA
Fátima Costa de Lima é graduada em Artes Plásticas, com especialização em Teatro, mestrado em Educação e Cultura e Doutorado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. É professora e pesquisadora do Departamento de Artes Cênicas e do Programa de Pós-Graduação em Teatro do Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina, e atual Diretora de Ensino do CEART-UDESC. Coordena o Grupo de Pesquisa Imagens Políticas – Poéticas Políticas na Cena Contemporânea, o Projeto de Pesquisa Imagens Políticas no Teatro e no Carnaval, e o Programa de Extensão NEGA – Negras Experimentações Grupo de Artes. Atriz e cenógrafa dos coletivos Embróglio e Inclassificáveis, carnavalesca do Bloco Africatarina e pesquisadora da REAL – Red de Estudios de Artes Escénicas Latinoamericanas.