A importância dos ideais de Paulo Freire e suas reflexões acerca da autonomia na construção do conhecimento são forças motrizes da discussão aqui empreendida. Tomando como eixo processos de ensino-aprendizagem em teatro desenvolvidos no ensino-superior, neste livro se questiona como evitar uma concepção replicante do ensino de modo que o processo criativo-formativo se aproxime de uma reinvenção de saberes. Nesta esteira, o trabalho aqui proposto relaciona as ideias de autonomia, emancipação e jogo, encontrando nesta aproximação indícios de materialização para os ideais supracitados. Assim, defende-se a ideia de encarar o professor como um provocador e vislumbrar o processo de ensino-aprendizagem como um jogo, trazendo com isso a ideia de uma pedagogia inconclusa, próxima ao que é denominado como um jogo infinito, para conjecturar sobre os vínculos e consequências que tais proposições podem trazer à pedagogia do teatro.

Como sustentar o estado de jogo num percurso de montagem teatral? Encarando o processo de ensino-aprendizagem como uma proposta de “reinvenção de saberes”, o livro de Henrique Bezerra nos apresenta as experiências vividas em três diferentes instituições de ensino e as descobertas realizadas pelo próprio educador. Desde o seu primeiro trajeto para a criação de mundos possíveis através do Teatro, o autor nos envolve alimentado pelas ideias de Paulo Freire e Jacques Rancière. Ele nos convida a acompanhá-lo, admirando, no sentido freiriano do termo, as pistas que vão sendo desvendadas na direção de uma prática teatral comprometida e de um conhecimento autoral, voltados para a autonomia e emancipação de seus participantes.
A aventura rara e prazerosa da leitura desta obra, está por começar.

— Celida Salume Mendonça
Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

PREFÁCIO – QUANDO AUTONOMIA E EMANCIPAÇÃO ENTRAM EM CENA

INTRODUÇÃO

PARTE 1 – DELINEANDO OS PROBLEMAS: INDAGAÇÕES SOBRE O ATO DE ENSINAR E APRENDER

. Reflexões iniciais sobre o processo de construção do conhecimento e reinvenção de saberes
. A crença na potência do outro
. Diálogos com a memória: reflexões sobre uma trajetória discente
. Em busca de fórmulas exatas: sujeito, trajeto, objeto

PARTE 2 – O JOGO COMO POSSIBILIDADE: REFLEXÕES DE UMA TRAJETÓRIA DOCENTE

. Ecos do jogo na pedagogia do teatro
. A aula que começa antes da aula: investigações sobre uma prática docente
. O velho sábio
. “Minha última dança”: primeiros indícios na relação autonomia e jogo em processos de ensino-aprendizagem em teatro
. Noção e princípios
. Técnicas em jogo
. Desafios e descobertas: solos e qual sua guerra?
. Qual sua guerra?
. Universo lúdico vocabular
. O cultivo do desejo e a importância do “fora jogo”
. O processo de ensino-aprendizagem como jogo

PARTE 3 – TECENDO COM FIOS INVISÍVEIS: INVESTIGAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO AUTONOMIA/ JOGO EM UM PROCESSO DE MONTAGEM TEATRAL

. Chegando nas arenas de jogo: o mapa do pesquisador
. Quem somos? Local da disciplina, estrutura do curso e perfil da turma
. Práticas de montagem na sala de aula: o jogo como catalisador de processos
. O processo e procedimentos
. Encenação como prática pedagógica e os alunos/alunas-artistas como jogadores
. Jogo como profanação e reinvenção de saberes
. “Joga! Não resolve a tarefa”: a tarefa impossível de criar o infinito
. Relações ulteriores na imbricação autonomia e jogo: o papel do processo
. O processo que transpira na cena

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU UMA PEDAGOGIA DO HORIZONTE

REFERÊNCIAS

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SOBRE O AUTOR

Henrique Bezerra de Souza é doutor em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), professor, encenador e ator. Como docente, já atuou no curso de Licenciatura em Teatro da UDESC, no bacharelado em Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no curso de Teatro-Licenciatura da Universidade Federal do Ceará (UFC) e no curso de Licenciatura em Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), bem como foi coordenador do Programa de Formação Básica em Artes Cênicas da Escola Porto Iracema das Artes em Fortaleza – CE. Atualmente, é professor do curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além da área pedagógica, atuando na formação de docentes em teatro, tem experiência nas áreas de Direção e Atuação. Sua pesquisa atual explora as relações entre jogo, pedagogia do teatro e as investigações de Paulo Freire, propondo provocações a respeito das possiblidades de fomento à autonomia dos sujeitos em processos criativos-formativos ocorridos em contextos de ensino formal e informal.