Trata-se de uma obra que expõe, em oito capítulos, uma proposta abrangente de educação teatral baseada nos escritos do diretor pedagogo polonês Jerzy Grotowski, articulados com conceitos provenientes das obras de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault. Aborda aspectos filosóficos da docência de teatro, articulados a exemplos práticos.

A arte como um modo de conhecer/viver a vida. A arte na Escola, sim, porque esse saber sobre a vida deve estar ao alcance de todas as pessoas. Aliás, essa inteligência cognitiva, somática, afetiva já está virtualmente em nossas vidas, se apresentando, às vezes timidamente, aqui e ali.

Mas, e se houvesse um lugar/tempo nos quais isto pudesse ficar às claras? Não por amor à arte, não para a criação de espetáculos, mas por amor à vida, para criação de mundos?

E se este lugar fosse a Escola, espaço onde pelo menos idealmente todos deveríamos passar? E se esse tempo fosse a infância e a juventude em uma aposta clara naqueles que ficarão depois que formos embora? O livro de André Magela entrelaça com facilidade filosofia, política, artesania, estética e educação. É um livro belo: em tempos cínicos e céticos, em tempos “profissionalizantes” e mecanizados, Magela tem uma disposição invejável para diálogo e para o dissenso; disposição para entrar nos espaços dos pensamentos e das salas de aula como quem sabe que comparece a lugares onde modos de vida estão em disputa.

— Tatiana Motta Lima

Professora da Escola de Teatro da UNIRIO