Seguindo por um caminho que transita entre a cultura popular – músicas, filmes, literatura –, textos teóricos das ciências humanas, sociais e da saúde, este livro parte de intrigantes histórias reais de mulheres e homens cuidadores de cônjuges com deficiência para pensar o que é cuidar, as diferenças do cuidado ofertado ou realizado por figuras masculinas e femininas e como fica este cuidado quando a violência está presente no cotidiano. Também são tecidas provocações sobre o papel de profissionais e serviços de saúde, bem como sobre as políticas públicas na produção de cuidado para esta população. Se você, assim como eu gosta de histórias, e de uma leitura que traz mais pontos de interrogação do que pontos finais, espero-o(a) na página 1!
O livro busca promover uma reflexão sobre o cuidado, a quem ele é tradicionalmente ofertado nas sociedades capitalistas ocidentais e quem é responsável por realizá-lo, identificando os contrastes entre o cuidado produzido ou destinado a figuras femininas e masculinas. Ao mesmo tempo, há uma tentativa de compreender a relação entre cuidado e violência – enquanto conceitos que são produzidos em uma esfera teórica e de eventos extraordinários, mas também em uma esfera de eventos ordinários e cotidianos. É analisada, particularmente, a condição de cônjuges cuidadores(as) que prestam cuidados a seus parceiros(as) íntimos(as) que por razões diversas vivem situações de incapacidades e deficiência associadas à violência cotidiana (tanto a perpetrada por cuidadores, quanto a perpetrada pelas pessoas cuidadas). Os capítulos provocam o leitor a refletir sobre as seguintes questões: É possível cuidar quando há violência? Por que se cuida de alguém que é um violentador? Violentadores podem cuidar? Qual o papel dos profissionais, serviços de saúde e políticas públicas nestas situações?
SUMÁRIO
Prefácio, Helena Wada Watanabe
Apresentação
Capítulo 1: Sublimes aprisionamentos: o cuidar e os dons do feminino
Capítulo 2: “Aqui se faz, aqui se paga”: quando cuidado e vingança se encontram
Capítulo 3: “Menino, eu sou é home!”: o masculino e a gerência da vida
Capítulo 4: Entrecruzamentos entre os cuidadores, gênero, violência e o cotidiano
4.1. Gênero e os atravessamentos ideológicos
4.2. As cuidadoras e suas atribuições: gênero em questão
4.3. Violência de gênero e cotidiano: implicações para as cuidadoras
4.4. A ideologia dominante, a técnica e a construção do cuidar por parte dos profissionais de saúde
Capítulo 5: A terapia ocupacional, o cuidado e os cuidadores
Capítulo 6: Conclusões possíveis de uma pesquisa inacabada
Referências
SOBRE A AUTORA
Camila Cristina Bortolozzo Ximenes de Souza é graduada em Terapia Ocupacional pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em ciências pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. Doutora em ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Atualmente é orientadora plena do Programa Mestrado Profissional Formação Interdisciplinar em Saúde (Escola de Enfermagem, Faculdade de Odontologia e Faculdade de Saúde Pública) da USP e atua como terapeuta ocupacional do Laboratório de Estudos em Reabilitação e Tecnologia Assistiva da Área de Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP. Publicou o livro, em coautoria com Eucenir Fredini Rocha, Escola para todos e a Terapia Ocupacional (Hucitec, 2018), além de outros artigos e capítulos de livros.