Guerra às drogas e redução de danos: nas encruzilhadas do SUS
Este livro, fruto da dissertação de mestrado do autor, traz para o centro do debate a Redução de Danos, recolocando-a na encruzilhada. Tadeu de Paula resgata sua própria trajetória, como pesquisador, para tecer de maneira única diálogos com o pensamento decolonial, antirracista e antiproibicionista, demonstrando que os múltiplos movimentos são necessários para se chegar na encruzilhada. Somente pela lógica encruzo, ou melhor, pela permanência de manter-se em movimento que teremos a construção de uma agenda radical que possibilite avançarmos com tecnologias e políticas de drogas no Brasil. Na atualidade, temos uma intensificação das disputas de projetos societários, em destaque, o da extrema direita que atualiza o fascismo e o nazismo. Além disso, a “Guerra às Drogas” ganha novos contornos com a ampliação da indústria armamentista, da liberação do porte de armas e da militarização da vida, o que aprofunda a naturalização dos homicídios de negros, pobres e favelados. E não podemos esquecer dos avanços das forças conservadoras na disputa das políticas e do financiamento público, o que contorna as possibilidades de serviços a serem ofertadas. Dessa forma, o livro cumpre um papel fundamental ao abordar a Redução de Danos como possibilidade de produção de cuidado em saúde mental, apontando para a urgência em reacender a radicalidade da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Para isso é preciso fortalecer a RD através da conexão com os movimentos antirracistas, antiproibicionistas e antimanicomiais para que se afirme o cuidado em liberdade, no território e com autonomia. Rachel Gouveia Passos Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal Fluminense. Coordenadora do Projeto de Pesquisa e Extensão Encruzilhadas: diálogos antirracistas.
Na mira do fuzil: A saúde mental das mulheres negras em questão
A presente obra, oriunda da pesquisa do pós-doutorado, realoca para o centro do debate da Saúde Mental, da Criminologia e dos Direitos Humanos a saúde mental das mulheres negras. A partir de uma atuação profissional mergulhada no tripé ensino, pesquisa e extensão buscou-se pela lógica da encruzilhada tecer uma análise teórica e prática que tenha como base o pensamento decolonial, antirracista e antimanicomial. Dessa maneira, objetivou-se apresentar a/o leitora/leitor a produção do sofrimento e do adoecimento psíquico materializada nos modos de vida e processos de subjetivação das mulheres negras brasileiras, a partir das experiências de mães de vítimas de violência armada.
Na cena contemporânea, está ocorrendo a intensificação da psiquiatrização, psicologização, medicalização, patologização e farmacologização das particularidades e singularidades, reduzindo-se a experiência do sofrimento e/ou adoecimento psíquico como um problema individual. Assim, torna-se urgente identificarmos as expressões desse fenômeno na experiência de corpos e subjetividades periféricos e favelados.
Nesse caminho, espera-se proporcionar inquietações e contribuições demonstrando que a aniquilação da população negra atravessa todas as dimensões da vida social, e aqui, destaca-se a saúde mental. Para isso torna-se necessário a ampliação do debate com diferentes saberes possibilitando desvelar as contradições basilares da sociedade brasileira. Portanto, é preciso fortalecer a luta antimanicomial para que seja radicalmente antirracista, decolonial e feminista e, assim, se afirme a liberdade, a emancipação e os direitos humanos.
Aquilombamento da saúde mental: cuidado antirracista na atenção psicossocial infantojuvenil
Este livro é leitura imprescindível para quem busca entender e superar os efeitos do racismo institucional na saúde mental. Ancorado na articulação entre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde Mental, Emiliano de Camargo David toma raça como um determinante social da saúde e propõe a “aquilombação” como ferramenta teórica para expandir o debate e fazer frente aos marcadores raciais que ampliam as iniquidades seculares e contemporâneas no cuidado à saúde mental. Para ele, o “aquilombamento” coloca o racismo no centro do debate público e permite avançarmos no processo de inclusão da temática racial nas políticas e, consequentemente, nos serviços de saúde mental, indicando um caminho assertivo para a construção de estratégias para o seu enfrentamento.
— Luis Eduardo Batista – Assessor para Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde-Gabinete da Ministra Nísia Trindade.