Sobre a Coleção Terapia Ocupacional e Interfaces:
Tradições e Inovações
A coleção objetiva divulgar obras nacionais e da América Latina que contribuam com reflexões sobre o campo de conhecimento da Terapia Ocupacional e as populações e temas com as quais a profissão dirige suas intervenções e mantém diálogo.
Este edital receberá obras compostas por narrativas de experiências da Terapia Ocupacional e interfaces decorrentes de resultados de pesquisas, memórias, história da profissão, atividades de ensino e formação e, também, sobre o arcabouço de seus saberes epistêmicos, práticos e tecnológicos, em perspectiva crítica.
A Terapia Ocupacional, como campo de conhecimento, necessita ampliar a divulgação de seus saberes e fazeres tradicionais e inovadores, e estar conectada às necessidades atuais. Essa coleção pretende se constituir como um espaço de encontro de diferentes vozes da terapia ocupacional e seus fazeres no enfrentamento dos desafios contemporâneos.
É inegável a presença de premissas epistêmicas positivistas, biomédicas e tecnicistas na história da terapia ocupacional brasileira, regulamentada como profissão no país no final da década de 1960, período do estado de exceção. No final da década de 1970 e nos anos 1980, os movimentos sociais que precederam a abertura política no país — como a reforma sanitária, a reforma psiquiátrica e a constituição do Sistema Único de Saúde — mobilizaram na terapia ocupacional um deslocamento nas reflexões teóricas, filosóficas, éticas e políticas em bases críticas para o redimensionamento de práticas. Os anos 1990 e as primeiras décadas do século XXI foram marcados por ampliações na terapia ocupacional, intensificando reflexões e inovando intervenções nos campos de atuação.
Em tempos de pandemia e ataque à democracia, potencializam-se violências e vulnerabilidades físicas, psíquicas, sociais, relacionais e ocupacionais; intensificam-se as desigualdades entre homens, nações e etnias, como também a constituição de inúmeras negligências no campo do cuidado, educação, direitos sociais e cultura. E, com isso, novas demandas se apresentam à Terapia Ocupacional.
Consideramos que a publicação em livros ainda é insuficiente diante da complexidade da terapia ocupacional e não expressa a produção teórico-prática atual da área. A transmissão oral de experiências e práticas é significativa no compartilhamento do conhecimento na profissão, mesmo na formação acadêmica. Reconhecemos a necessidade de superar o silenciamento da produção escrita da profissão, colaborando para a ampliação da visibilidade de uma Terapia Ocupacional criativa, crítica e transgressora de perspectivas reducionistas.
Diretoria e Conselho
DIRETORIA
Eucenir Fredini Rocha | Universidade de São Paulo | Brasil
CONSELHO CIENTÍFICO
Andréa Perosa Saigh Jurdi | Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista | Brasil
Camila Cristina Bortolozzo Ximenes de Souza | Universidade de São Paulo | Brasil
Eliane Dias de Castro | Universidade de São Paulo | Brasil
Maria de Lourdes Feriotti | GEITO – Grupo de Estudos Interdisciplinares em Terapia Ocupacional | Brasil