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Reportagem sobre o Rock: o livro no jornal Tribuna de Minas

‘Rock – O livro’ tem lançamento neste sábado em Juiz de Fora

Volume reúne textos de dezenas de amantes do gênero musical, vários deles da cidade; lançamento tem show da FBI
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Por Júlio Black

22/09/2022 às 07h00- Atualizada 22/09/2022 às 12h51

rock
TRINTA E CINCO autores, de Juiz de Fora e outras paragens, assinam artigos no livro que será lançado sábado (Foto: Reprodução)

Seja como gênero musical favorito, diversão, estilo de vida ou elemento de transformação política, cultural ou da sociedade, o rock and roll marcou o século XX e, mesmo sem o mesmo espaço e relevância no terceiro milênio, segue com seus admiradores, que se dedicam a manter o gênero vivo fazendo rock, ouvindo rock e escrevendo sobre rock. É o que poderá ser encontrado em “Rock – O livro” (Editora Hucitec), que terá lançamento em Juiz de Fora neste sábado (24), às 18h, no Marechal Gastro Bar, no Centro, incluindo ainda um show com a Fantástica Banda Invisível (FBI).
Ao contrário do que se pode imaginar a princípio, o livro não tem a pretensão de contar a história do rock, e sim tratar das relações entre o gênero musical e os diferentes aspectos da vida, cultura e sociedade, que incluem moda, sexualidade, drogas, política, feminismo e racismo, entre outras questões. O projeto reúne nada menos que 35 autores, sendo 13 deles de Juiz de Fora – e cinco responsáveis pela organização do livro (Valéria Leão Ferenzini, Luiz Fernando Saraiva, Rita Almico, Edson Leão Ferenzini e Fernando Gaudereto Lamas). Outros nomes que participam do projeto são os jornalistas Antônio Carlos Miguel, Ayrton Mugnaini e Ricky Goodwin, além do fundador da lendária rádio Fluminense FM, Luiz Antônio Mello.
Valéria conta que o projeto teve início em outubro de 2020, em meio à pandemia, quando ela e Fernando, Rita, Edson e Luiz Fernando passaram a realizar reuniões on-line e começaram a discutir a ideia do livro que já era pensada por alguns deles. Mais para frente, participaram da organização Mariana Nada, Rafael Senra e Ricky Goodwin. “As reuniões eram quase semanais, geralmente no domingo à noite. Fizemos muitas reuniões com todos os autores para explicar o projeto e conversar sobre os textos”, relembra.
“Era um vago desejo de falar sobre música, cultura e as questões que impactaram a vida de um grupo de amigos na década de 1990 em Juiz de Fora e que tinham projetos convergentes/divergentes em um momento de grande efervescência e mudanças no mundo”, acrescenta Luiz Fernando Saraiva. “Depois, quando os textos ficaram prontos, e à medida que iam sendo entregues, nos reuníamos e discutíamos os ajustes necessários. O projeto foi longo, deu trabalho e foi muito cuidado, meticulosamente”, conta Rita Almico.https://7233ed604f83d681f9d6d5100802d4d7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.htmlO conteúdo continua após o anúnciohttps://7233ed604f83d681f9d6d5100802d4d7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Parte dos autores e organizadores do livro em videoconferência (Foto: Divulgação)

Com a ajuda dos amigos

Valéria destaca que o desejo era fazer um livro com temática variada, textos fluidos e não acadêmicos, com uma organização temática e não cronológica ou por estilos. Segundo Luiz Fernando, “o principal conceito do livro é discutir o rock a partir de dados da realidade vivida, ou seja, não é uma aula sobre o rock enquanto estilo musical, mas, ao contrário, como esse estilo musical e suas inúmeras mutações explicavam e eram explicados pela sociedade”.
Sobre a escolha dos convidados, o primeiro (e talvez o único) princípio foi a amizade. “Amigos que gostam de conversar sobre temas diversos e ainda tinham em comum o gostar (não só) do rock. Do núcleo original foram chamados outros amigos, virando, portanto, um livro de novas e velhas amizades. Isso explica porque tantos autores com origens ou passagens por Juiz de Fora, mesmo não sendo um livro sobre o rock na cidade”, continua Luiz Fernando. “Os autores foram convidados pela ligação, paixão, envolvimento, influência do rock em suas vidas”, reforça Valéria.
O resultado desse networking roqueiro é que “Rock – O livro” tem uma variedade considerável de convidados, incluindo pessoas ligadas a diversas atividades: músicos, professores, jornalistas, profissionais da saúde, arquitetos e outros profissionais que tivessem três pontos em comum: relações de amizade com outros autores, paixão (nem sempre cega e absoluta) pelo rock e vontade de refletir sobre essa paixão e outros fatos da vida e dividir com o público em geral. “A intenção nunca foi ser uma obra acadêmica sobre rock”, reforça Fernando Lamas, seguido por Edson Leão. “Tem tudo a ver com a realidade de que o rock teve diálogos profundos com vários campos da vida.”https://7233ed604f83d681f9d6d5100802d4d7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Um futuro sem rock?

Para terminar, uma pergunta é pertinente: o rock, tão conhecido por influenciar a cultura, os costumes, a política, a sociedade, perdeu espaço e relevância? “O rock realmente deixou de ser rebelde, ficou mais obediente” (risos), acredita Rosa Martins, uma das convidadas para o projeto. “Perdemos espaço nas grandes mídias, como TVs e rádios, mas, em contrapartida, temos os canais de streaming para ouvir ou pesquisar o velho e ótimo rock and roll.”
Para Valéria, o rock sempre se renovou, superando todas as pressões do conservadorismo, das repressões do sistema, das apropriações pelo mercado. “A história do rock mostra uma constante reinvenção a partir de reapropriações, rejeições e influências de movimentos anteriores. A juventude tem sido bem criativa, certamente continuará inventando novas inspirações, criações e rebeldias. Não creio que o rock tenha perdido relevância ou impacto. Pode ter perdido espaço na mídia, alcançando um público menor, mas continua sendo influente, universal e carregando cada vez mais roqueiros e simpatizantes com novas e antigas bandas.”
Edson Leão, vocalista das bandas Eminência Parda e FBI, acredita que o rock sempre tendeu a retornar ao underground, criar novos significados e formatos para novas gerações, ainda que bebendo em fontes do passado muitas vezes. “Pode ser que ele esteja numa dessas voltas à essência, mas também acho que está mais pulverizado. Há uma diversidade muito maior de ramificações e de caminhos de produção e difusão. O rock não está no centro da dinâmica do mercado musical como no século passado, mas ainda tem uma força simbólica grande. Quando menos se espera, alguma área do rock produz algo interessante e intenso, mas é preciso superar o saudosismo de viver esperando um novo Led Zeppelin ou um novo movimento punk. O tempo não para nem se repete.”
Para Fernando Lamas, o rock sempre dividiu espaço com outros gêneros musicais. “Atualmente, com a digitalização dos meios de produção e divulgação musical, a diversidade de gêneros ficou mais evidente, mas ela sempre existiu e o rock sempre esteve ali. Quanto ao futuro… Sobre isso não sei falar, mas provavelmente ainda haverá banda de rock fazendo a cabeça de muitos jovens.”
Luiz Fernando Saraiva considera que o sucesso avassalador do rock and roll como o estilo musical mais importante da segunda metade do século XX se explica, de certa forma, pela própria explosão e diversidade de outros estilos musicais. “Primeiro porque muitos desses estilos bebem em termos estéticos, instrumentais, organizacionais do próprio rock. Uma segunda questão é que o próprio rock mudou em cada país, em cada cidade, em cada lugar a partir das experiências e vivências locais. Por último, e como aprendemos no livro em vários capítulos, é a monótona capacidade do rock em renascer das cinzas toda vez que sua morte foi vaticinada. Não sabemos quais rocks nos aguardam no futuro, mas não vislumbramos um futuro sem rock.”

Fonte: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/22-09-2022/rock-o-livro-tem-lancamento-neste-sabado-em-juiz-de-fora.html#.YyxD8_X1_Sk.whatsapp


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