Tráfico & Traficantes na ilegalidade: o comércio proibido de escravos para o Brasil (c.1831-1850) | Luiz Fernando Saraiva, Silvana Andrade dos Santos &Thiago Campos Pessoa (orgs.)

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Descrição

Título: Tráfico & Traficantes na ilegalidade: o comércio proibido de escravos para o Brasil (c.1831-1850)

Organizadores: Luiz Fernando Saraiva, Silvana Andrade dos Santos & Thiago Campos Pessoa

ISBN: 9786586039887

1.ª Edição

Data de publicação: 2021

Número de páginas: 244

Informação adicional

Peso 0,450 kg
Dimensões 14,0 × 21,0 × 2 cm

 

Acesse aqui Sumário – Prefácio – Introdução

 

Quem eram os traficantes de africanos escra­vizados? Como se dava a sua particip­­a­­ção no negócio nefasto de compra e venda de seres hu­manos? Qual a sua inserção na sociedade? Depois das manifestações do Black Lives Matter após o assassinato de George Floyd, nos EUA, e da derrubada da estátua do traficante Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra, em 2020, tais perguntas estão na ordem do dia. E sendo o Brasil a principal nação escravista das Américas, respon­sável pela importação de mais de cinco milhões de africanos em mais de 300 anos de tráfico, as respostas tornam-se ainda mais urgentes. Os capítulos de Tráfico e traficantes na ilegalidade aju­dam a responder essas questões.
Outras obras haviam estudado as redes de traficantes na América lusa e no Brasil independente. Mas o livro que o leitor tem em mãos avança em relação a esses trabalhos pioneiros. O escopo geo­grá­fico (Sudeste e Nordeste) corresponde às duas prin­cipais zonas brasileiras desse tráfico. De Per­nam­buco, da Bahia e do Rio de Janeiro, a coletânea lança luz sobre as trajetórias de alguns desses perso­nagens até os mais altos postos da hierarquia negreira.
O período escolhido, o século XIX, também corresponde a um momento crítico da história do Brasil. Foi nesse período que traficantes cons­truí­ram os principais estratagemas para burlar a repres­são inglesa. Depois de 15 anos do “aprendizado da ilegalidade” (1815-1830), quando o tráfico ao norte do Equador já era ilegal, organizou-se o esquema criminoso nacional que permitiu a continuidade do comércio transatlântico de africanos escravizados por pelo menos 19 anos (1831-1850) e, em alguns casos, além. Os textos falam ainda de outros temas. Por exemplo, a construção de portos clandestinos por onde chegaram milhares de africanos todos os anos; as trajetórias de ascensão econômica e social dos participantes desse infame comércio e os invest­i­mentos oriundos desse dinheiro em outras ativida­des, uma abordagem, aliás, que a historiografia bra­si­leira precisa enfrentar com mais firmeza.
O livro mescla autores já consolidados na história da escravidão com uma nova geração de pesquisadores. A partir do mergulho em fontes, tanto clássicas como inéditas, nacionais e inter­nacionais, garimpadas em arquivos e repo­sitó­rios on-line, os capítulos fornecem novos dados sobre a configuração de impérios negreiros no Brasil. Se uma estrutura burocrática foi neces­sária para o sucesso do contrabando de africanos, não menos importante foi a participação dos principais interessados — os cafeicultores do Vale do Paraíba e a açucarocracia do nordeste. Por sinal, diante da ênfase historiográfica recente sobre o esquema criminoso de desembarque de africanos nas regiões cafeeiras do sudeste, os arti­gos que tratam do tráfico para o nordeste são bem-vindos, oferecendo ao leitor outras perspec­ti­vas sobre esse comércio. A obra se engaja, ainda, com os debates sobre a Segunda Escravidão, mas os textos reduzem a escala de análise, sem perder de vista os acontecimentos em escala transnacional. Um excelente exercício de história social e de micro-história.
Além do indiscutível valor historiográfico, Tráfico e traficantes na ilegalidade também ofere­ce importante contribuição social. O crescente interesse nesses indivíduos aponta como a socie­dade brasileira ainda necessita compreender me­lhor suas trajetórias. A coletânea fala sobre histó­ria, mas também sobre memória — e, mais especificamente, sobre as memórias da escravi­dão. A obra fala sobre o passado, mas também fala bastante sobre o presente. Um presente que continua a nos assombrar.

— Carlos da Silva Jr.
Universidade Estadual de Feira de Santana

 

OS AUTORES

Aline Emanuelle De Biase Albuquerque
João Marcos Mesquita
Luiz Fernando Saraiva
Marcus Joaquim Maciel de Carvalho
Rita Almico
Silvana Andrade dos Santos
Thiago Campos Pessoa
Walter Luiz Carneiro de Mattos Pereira

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