Qual é o sentido de se pensar o conservadorismo hoje? O termo está em todos os lugares; políticos, pastores e até influenciadores digitais gostam de proclamar seus “valores conservadores”. Há muito tempo, a doutrina que surgiu contra a Revolução Francesa parecia não gozar de tal popularidade. O risco do suposto trunfo é, porém, que se deixe de problematizar o conservadorismo. Se tal concepção de mundo se alimentou do desconforto, expresso inicialmente por Burke, com um mundo no qual homens e mulheres deixavam de ter um lugar fixo, atualmente vive-se uma situação na qual a própria expressão “conservador” fica ainda mais instável, podendo já não significar muito. Nesse processo, é possível também que se perca de vista a dificuldade do conservadorismo em países como o Brasil, no qual não se pode recorrer, contra a modernidade, a um passado feudal (idealizado). Se chega ao ponto de se considerar que pouca diferença faz(em) a(s) experiência(s) histórica(s) que deveria(m) alimentar o(s) conservadorismo(s), o que acabaria tornando o conservadorismo irreconhecível. Ou seja, o aparente sucesso do conservadorismo pode levar ao seu esvaziamento. Contra a corrente, Revisão do Pensamento Conservador II lida com o conservadorismo de maneira crítica. Para tanto, continua o caminho que se começou a trilhar numa anterior coletânea de sucesso. Mobiliza autores não fáceis, de Joseph de Maistre a Olavo Carvalho, passando por Gilberto Freyre a Eric Voeglin. Enfrenta igualmente espaços desafiantes, da moda à internet. Em suma, não se furta a inovar ao tratar do conservadorismo.

— Bernardo Ricupero

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André Botelho, Elide Rugai Bastos, Ações, processos e instituições não existem sem as interpretações que as acompanham. Estão em relações reflexivas. Esta é a agenda de debates proposta pela coleção Pensamento Político-Social, que publica títulos relevantes sobre interpretações clássicas e contemporâneas da sociedade brasileira e outras, em suas muitas formas e variados suportes. Queremos contribuir para a compreensão dos desafios históricos e atuais da sociedade e da cultura, bem como para uma nova compreensão menos minimalista da política. Uma abordagem interseccional que nos ajude a reconstruir visões renovadas de conjunto.

— Gabriela Nunes Ferreira e Maurício Hoelz

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sumário

Apresentação

Primeira parte
Passado que não passa, passa?

CAPÍTULO 1
– Autores brasileiros e o pensamento conservador
Elide Rugai Bastos

CAPÍTULO 2
– Uma teoria contra a teoria: o conservadorismo
Bernardo Ricupero

CAPÍTULO 3
– Problemas no paraíso: Joaquim Nabuco e o catolicismo
Lucas van Hombeeck

CAPÍTULO 4
– Com que elites? Há 100 anos os anos 1920 brasileiros
André Botelho

CAPÍTULO 5
– Caminhos para uma revolução reacionária: o fascismo e a direita católica nos anos 1930
Paulo Henrique Paschoeto Cassimiro

CAPÍTULO 6
– O conceito do político em Raízes do Brasil
Luiz Feldman

CAPÍTULO 7
– Por uma crítica não reacionária da modernidade: Guerreiro Ramos, leitor de Eric Voegelin
Christian Edward Cyril Lynch

Segunda Parte
Conservadorismo, conservadorismos

CAPÍTULO 8
– A ética violenta e o “espírito” do personalismo
Maurício Hoelz

CAPÍTULO 9
– Golbery e a Escola Superior de Guerra: a criação da Doutrina de Segurança Nacional no Brasil
Maria Fernanda Lombardi Fernandes

CAPÍTULO 10
– Uma obra entre o reacionarismo e o conservadorismo: o pensamento de Olavo de Carvalho
Jorge Chaloub

CAPÍTULO 11
– Cruzadas Morais na Esfera Pública Digital
Richard Miskolci

CAPÍTULO 12
– Conservadorismo e semântica social: intérpretes e temas do pensamento social como seletores de sentido
Antonio Brasil Jr. Lucas Carvalho

CAPÍTULO 13
– Três estilos de dominação
Alcida Rita Ramos

CAPÍTULO 14
– A moda como metáfora do contemporâneo
Silviano Santiago

Sobre os autores