Quando do doutoramento, de que este livro era a tese, lembro-me de ter observado ao autor (o jovem professor Caio Boschi) que gostaria de ver o texto iniciar-se com uma narrativa acontecimental documentada para, só depois e aos poucos, passar à análise interpretativa; ao que, muito mineiramente, ele obtemperou que também no meu livro não se tinha realizado a difícil façanha; ao que redargui que não me propunha como modelo, apenas indicava o arquétipo do discurso historiográfico moderno, clivado entre narrar e explicar. Naqueles verdes anos, lidávamos dificultosamente com aquela clivagem. Isto é, com a tensão inerente ao discurso historiográfico entre narrativa e explicação, isto é, com as relações da história com as ciências sociais, ou mais precisamente com a questão da especificidade da história no quadro das humanidades; o que implicava o grau de cientificidade de nossa disciplina e o problema das ciências exatas ou naturais e inexatas ou humanas. Se hoje temos alguma clareza nesse campo, distinguindo por exemplo ciência (social) retrospectiva e história como estilos de discurso, também compreendemos melhor que, de um ponto de vista do exercício do oficio, o modelo passionalmente desejado consiste enfim num equilíbrio entre os dois componentes do discurso do historiador contemporâneo. E então podemos entender o êxito permanente (primeira edição, 1986) deste livro sobre as irmandades, confrarias e ordens terceiras na capitania de Minas Gerais. E, agora, felicitamo-nos por integrá-lo em nossa já consagrada coleção.
*-*-*-*-*-*
Sumário
NOTA PRÉVIA
PREFÁCIO, Fernando A. Novais
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
A PRESENÇA DAS IRMANDADES
1.1. Irmandades: conceituação e tipologia
1.2. Surgimento e desenvolvimento das irmandades mineiras
1.3. Urbanização e irmandades em Minas Gerais
Capítulo 2
RELIGIÃO E IGREJA SOB O ESTADO ABSOLUTISTA PORTUGUÊS
2.1. Religião, Igreja e Estado em Portugal setecentista
2.2. Igreja e irmandades na colonização portuguesa do Brasil
Capítulo 3
IGREJA, ESTADO E IRMANDADES EM MINAS
GERAIS
3.1. A Igreja mineira no século XVIII
3.1.1. Padroado e tributação eclesiástica
3.1.2. O clero mineiro
3.1.3. O bispado marianense
3.2. O estatuto político-ideológico e a prática colonial
3.3. As formas e os mecanismos de controle
Capítulo 4
AS IRMANDADES NA SOCIEDADE ESCRAVISTA MINEIRA
4.1. A sociedade escravista em Minas Gerais
4.2. Irmandades e coesão social
4.3. Irmandades e ascensão social
4.4. Irmandades e tensões sociais
CONCLUSÕES
ANEXOS
Anexo 1 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas (tabela da evolução cronológica)
Anexo 2 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas (gráfico da evolução cronológica)
Anexo 3 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas (pela quantidade de cada orago)
Anexo 4 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas (por ordem alfabética de oragos)
Anexo 5 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas (por ordem alfabética de oragos e de localidades)
Anexo 6 – Capitania de Minas Gerais. Divisão políticoadministrativa e divisão eclesiástica
Anexo 7 – Divisão eclesiástica – Comarca de Mariana – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 8 – Divisão eclesiástica – Comarca de Vila Rica – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 9 – Divisão eclesiástica – Comarca de Sabará – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 10 – Divisão eclesiástica – Comarca de Caeté – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 11 – Divisão eclesiástica – Comarca da Vila do Príncipe – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 12 – Divisão eclesiástica – Comarca da Vila do Infante – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 13 – Divisão eclesiástica – Comarca de São João del – Rei – Número de irmandades por freguesia identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas
Anexo 14 – Irmandades coloniais mineiras identificadas nas fontes e na bibliografia consultadas, de acordo com a divisão eclesiástica da capitania
Anexo 15 – Vila Rica no século XVIII
Anexo 16 – Governo da diocese e arquidiocese de Mariana desde sua instalação em 1748 até 1835
Anexo 17 – Clero existente no bispado de Mariana em 1748
Anexo 18 – Litígios entre irmandades coloniais mineiras
REFERÊNCIAS