Este livro é resultado da tese de doutorado de Gabriela Blanco, defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS, no ano de 2022. O estudo trata dos efeitos da mineração para além do rompimento de barragens no Brasil.
O foco empírico de análise é a exploração de nióbio realizada em Araxá, Minas Gerais, pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). O ponto de partida é a descrição de uma controvérsia tecnocientífica que se iniciou em 2008, quando moradores do município passaram a denunciar a presença de um nível elevado de bário nas águas que abasteciam suas casas, vinculando a contaminação às atividades da CBMM.
O estudo de viés qualitativo e inspiração etnográfica, foi composto por pesquisa documental, entrevistas com atores diretamente envolvidos e/ou afetados pelas atividades de mineração em Araxá e escritas de diários de campo.
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Por tratar-se de livro oriundo de pesquisa profunda, ética e socialmente comprometida e que traz resultados originais na temática e no campo de estudo, aliado a um estilo de escrita fluída, direta e com toques líricos, acho que esta obra pode se tornar um marco na investigação acadêmica nas ciências sociais brasileiras.
As contribuições das propostas teórico-metodológicas e da análise socioantropológica de Gabriela Blanco são, sem dúvida, uma grande e decisiva contribuição aos estudos sociais em ciência e tecnologia, particularmente para a categoria de controvérsias tecnocientíficas, assim como para as pesquisas dos aparatos de desenvolvimento em torno dos grandes empreendimentos minerários, entre outros.
— Jalcione Almeida
Professor titular UFRGS, pesquisador associado no grupo de pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade
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SUMÁRIO
PREFÁCIO: Nióbio, Ciência e Justiça, Cristiana Losekann
Cap. 1: INTRODUÇÃO
Cap. 2: “NÃO QUEREMOS MAIS SABER DE PESQUISADORES!”: ENTRE ENCONTROS E DESVIOS, O PERCURSO DA PESQUISA
. Sobre as escolhas teóricas da pesquisa
. O percurso da pesquisa e seus desenhos
Cap. 3: O DESENVOLVIMENTO TECIDO PELA MINERAÇÃO
. O extrativismo ou (neo)extrativismo na América Latina? Contribuições desde o Sul Global
. Araxá: do mapa das águas ao mapa da mineração
. Voltando ao início: o nióbio de Araxá como emblema do extrativismo
Cap. 4: A CONTROVÉRSIA DAS ÁGUAS CONTAMINADAS: OS EFEITOS DA MINERAÇÃO NO BARREIRO
. Os Estudos Sociais das Ciências e Tecnologias (ESCT): um guia para a análise
. No meio do caminho, o bário: o primeiro movimento da controvérsia
. Para além do bário, outros “intrusos”: o segundo movimento da controvérsia
. Uma sentença judicial encerra a controvérsia tecnocientífica?
Cap. 5: “A MINERADORA É A MÃE DE ARAXÁ”: DO DESEJAR E DO EXCEDER O APARATO DE DESENVOLVIMENTO
. Do desenvolvimento ao pós-desenvolvimento: demarcando críticas e alianças teóricas
. O estado “ausente” e a mineradora “presente”
. Rastreando ambivalências: o desenvolvimento tudo captura?
Cap. 6: LUGAR MINERÁVEL E NÃO APENAS MINERÁVEL, VINCULAÇÕES ENTRE CORPOS E LUGARES E A CONTESTAÇÃO AOS EFEITOS NÃO NEGOCIADOS DO DESENVOLVIMENTO
. A relevância da categoria de lugar para os estudos sobre conflitos ambientais
. O lugar minerável: a Araxá que nasce com a mineração
. O lugar não apenas minerável
. Dos limites da coexistência frente à mineração em larga escala
Cap. 7: CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
APÊNDICE: QUADRO-SÍNTESE DOS DOCUMENTOS ANALISADOS
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Sobre a autora
Gabriela Dias Blanco é mãe, professora e pesquisadora. Possui graduação em Ciências Sociais, com mestrado e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é professora efetiva no Instituto Federal Catarinense e pesquisadora associada ao grupo Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade (TEMAS) da UFRGS. Tem interesse pelas áreas da Sociologia da Questão Ambiental e os Estudos Sociais das Ciências e Tecnologias (ESCT).