Começo a os ler, palavra a palavra carta deste encontro de profundidades que empreenderam, Sonia e Jean, nas quais seus peitos abertos sangram, um ao outro, o que há de mais significativo e essencial: suas visões e possíveis sentidos de existência. Nos reconduzir a estados que este mundo teima em nos roubar, exaltando a brutalidade do ser humano que faz destes tempos algo asfixiante, que nos tira o mais belo voo em prol de uma caminhada inglória ao utilitarismo, ao acúmulo material e ao egoísmo mais voraz, faz deste livro algo ainda mais necessário. Assim, vivenciar estas cartas, esta troca lírica e poética entre vocês, reafirma pulsões de criação e partilha de sensíveis, como diria Rancière. O afeto e a empatia são a única via, a única lufada necessária para manter as fagulhas de febre que devem incendiar nossas almas; que queimarão em gozo e epifania o que chamamos de VIDA.