Os muitos desafios e crises que marcam os tempos pandêmicos podem ser narrados por meio de recursos diversos. As figuras de linguagem (incluindo a ironia, a alusão, o paradoxo), as ambiguidades, o exercício da crítica e até mesmo o humor e o alívio cômico são alguns desses vários recursos presentes em Ensaios Fora do Tubo: a saúde e seus paradoxos.
Escrito por Luis David Castiel, o livro é uma coedição com a Hucitec Editora. Pesquisador aposentado da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), o autor publica, com uma escrita em forma de ensaio, uma série de reflexões acerca da saúde, cujos contrastes foram amplificados no contexto da Covid-19.
No texto de quarta capa da obra, Bruno Pereira Stelet destaca que o autor transborda astúcia e ironia ao falar de questões que vêm dominando a nossa realidade recente. “O tempo presente nos coloca a tarefa de quase termos de decifrar os paradoxos que nos irrompem no cotidiano. Neoliberalismo conservador, negacionismo científico e barbárie política institucionalizada parecem oximoros que ganharam maiores contrastes com a pandemia de Covid-19. No âmbito das ditas ciências da saúde – seja na produção de conhecimento, na abordagem clínica ou na formulação de políticas – tais ambiguidades necessitam de novos pontos de vista capazes de nos auxiliar na compreensão crítica e forjar significado para o que nos acontece”, afirma Stelet, médico de família e comunidade na Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal.
Em cinco capítulos, o volume apresenta ao leitor uma série de questões e áreas de conhecimento sobre a saúde, colocando-a em perspectiva. Na orelha da obra, Wedencley Alves Santana, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ressalta que o ensaio proposto por Castiel vem de quem “consegue, mesmo sendo um pesquisador reconhecido e experimentado, estar fora de percepções imanentes a cada um dos domínios de expertise, quais sejam, acadêmicos, clínicos, políticos, econômicos e culturais, e suas implicações para a discussão sobre saúde”.
Luis Castiel reflete sobre as precarizações – econômica, social, sanitária, entre outras – e as muitas crises que nos afetam em meio ao que chama de pandemência. Ele cogita também sobre a possibilidade de utilização do termo pandemiologia. Em meio a essas nomenclaturas, o pesquisador e professor reforça o exercício da crítica, com provocações diretas a várias das convenções presentes na área da saúde.
Sobre o autor
O médico Luis David Castiel é mestre em Community Medicine pela Universidade de Londres (Inglaterra) e doutor em Saúde Pública pela Fiocruz. Tem pós-doutorado pelo Departamento de Enfermeria Comunitaria, Salud Publica y Historia de la Ciencia da Universidade de Alicante (Espanha). É pesquisador aposentado do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e professor visitante do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ).