Do sopro ao afeto: Corpos Kõkãmou na experiência xamânica I Luiz Davi Vieira Gonçalves

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Descrição

Título: Do sopro ao afeto

Subtítulo: Corpos Kõkãmou na experiência xamânica

Autor: Luiz Davi Vieira Gonçalves

2.ª edição, 2024

Coleção Teatro, 126

ISBN: 9788584042616

166 páginas

Informação adicional

Peso 0,315 kg
Dimensões 21,0 × 14,0 × 2,0 cm

 

O título do livro de Luiz Davi Vieira Gonçalves sinaliza um percurso: Do sopro ao afeto: corpos kõkãmou na experiência xamânica. Em cosmologias Yanomami, o sopro é a alma, o princípio vital que os humanos compartilham com todo ser vivo e inanimado. Todos os seres têm alma. No fundo, humanos e não humanos somos todos humanos. Considerando que este, precisamente, é o significado da palavra yanomami — “humanos” —, somos todos yanomami.
Se o sopro, ou alma, é comum a todos os seres, os corpos diferenciam. Como feixes de afetos e capacidades, os corpos são feitos, moldados, construídos. Em cada corpo, um ponto de vista — ou, como gosto de pensar, um lugar olhado (sentido e vivido) das coisas. Na experiência xamânica, corpos se transformam, e se multiplicam. Proliferam multiplicidades. Diversos, inúmeros, emergentes — os corpos se apresentam. E se reúnem. Corpos kõkãmou — “juntos”.
Em sua conhecida parábola sobre a conquista da América, Claude Lévi-Strauss narra um episódio: nas Antilhas, enquanto os espanhóis enviavam comissões de inquérito para saber se os ameríndios tinham alma ou não, estes submergiam prisioneiros brancos, em prolongados e cuidadosos experimentos, para verificar se os seus cadáveres apodreciam ou não. Na interpretação (ou epifania) de Eduardo Viveiros de Castro, esta anedota não apenas revela a força do etnocentrismo — o favorecimento da própria humanidade às custas da humanidade do outro —, mas, também, a diferença de perspectivas. Para os espanhóis, a dimensão marcada era a alma; para os ameríndios, o corpo. Os europeus nunca duvidaram de que os índios tivessem corpos — os animais também os têm. Os índios, por sua vez, nunca duvidaram que os brancos tivessem almas — os animais, as plantas, e os espectros dos mortos também as têm.
Em sua pesquisa, Luiz segue um percurso ameríndio. Do sopro ao afeto, da alma ao corpo. O pesquisador se atira em uma experiência xamânica. O seu corpo é engendrado. E, com ele, um saber.

– John C. Dawsey
Antropologia/USP

 


 

Sumário

Prefácio: Xori, do Sopro ao Afeto, John C. Dawsey
Apresentação, Deise Lucy Oliveira Montardo

Primeiro sopro
Segundo sopro
Terceiro Sopro
Quarto Sopro

Iconografia

Posfácio em Testemunho, Maria Julia Pascali

Agradecimentos

Indicações de leituras

 


SOBRE O AUTOR

Luiz Davi Vieira Gonçalves é Performer, Diretor de Teatro e Antropólogo-Artista. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas-UEA, Professor titular do Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas – PPGICH, Professor e Vice-Coordenador do Mestrado Profissional em Artes – Prof-Artes UFAM/UEA. Pós-doutorado e Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM, com a pesquisa intitulada: O(s) Corpo(s) kõkamõu: a performatividade do pajé-hekura Yanonami da região de Maturacá. Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás PUC, linha de pesquisa: História Cultural, com a pesquisa: A Teatralidade na Obra de Siron Franco: uma relação entre Teatro, Artes Plásticas e História em Goiás (1988 a 1999). Graduado em Artes Cênicas – Bacharelado e Licenciatura pela Universidade Federal de Goiás. Autor de livros sobre xamanismo, performance art e afeto na prática de rituais.

Atualmente é Líder do Diretório de Pesquisa Tabihuni: Núcleo de Investigações em Teatralidades Contemporâneas e suas Interfaces Pedagógicas-UEA/CNPq. Coordena os Projetos de Extensões: Tabihuni: o Corpo na Arte Contemporânea e suas Interfaces Artísticas e Interculturais (ESAT-UEA) e, Tecendo Diálogos Interculturais (ENS-UEA). Na modalidade participante integra os seguintes Grupos de Pesquisa: Grupo Maracá CNPq/UFAM, Grupo IMAM: Imagem, Mito e Imaginário nas Artes da Cena CNPq/UFG e o Núcleo de Antropologia, Performance e Drama ? NAPEDRA CNPq/USP.

É integrante pesquisador da ABRACE – Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, coordenando o GT IMAM. É pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural-IBP (UFSC-UFAM) trabalhando com povos indígenas (Yanomami, Kubeu, Baniwa e Tukano) em áreas como Etnologia, Antropologia da Performance, Arte e Xamanismo no Alto Rio Negro no Amazonas. Além das atividades acadêmicas, participa de diversas oficinas de formação, montagens de espetáculos e desenvolve experiências corporais em regiões brasileiras como Amazônia (índios e ribeirinhos) e Goiás (sertanejos, andarilhos e moradores locais).

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