Jovens vinculados a uma entidade paulistana de
assistência social experimentam um processo de teatro
conduzido com convicção e sensibilidade pela autora
deste livro. No caminho, transformações se operam: dão-
se conta da força do trabalho coletivo, confrontam-se
com os desafios do diálogo, amplia-se seu espírito
crítico. A experiência estética desemboca na construção
de discursos simbólicos; o grupo descobre como, na
representação teatral, o pensamento se revela através
de metáforas feitas de corpos em ação dentro de um
espaço.
Essa circunstância permite a Suzana Viganó discutir a
atuação da sociedade civil brasileira hoje, trazendo à
tona com acuidade as contradições presentes no âmago
de projetos de intervenção social subsidiados pelo
chamado terceiro setor. De modo corajoso, a autora nos
conduz pelos meandros da crise da cultura. Se para isso
se vale da argumentação preciosa de estudiosos do
porte de Hannah Arendt, Walter Benjamin e Theodor
Adorno, seu mérito singular é o de tecer com sabedoria
essas idéias, à voz, vigorosa, dos rapazes e moças
protagonistas do fazer teatral.