Sob o título Contrafissura e Plasticidade Psíquica, Lancetti convida-nos a continuar por uma clínica em movimento. Para tanto, coloca-nos diante do furor proibicionista dos anos setenta que se prolonga até 2012, com a ocupação militar da Cracolândia Paulista, prisão de centenas de pessoas, ou as internações compulsórias, para desespero dos técnicos da saúde, envolvidos na aproximação e cuidado destes homens e mulheres, usuários de drogas, em situação de rua. Se fissura tem sido compreendido como impulso incoercível para consumir drogas, a contrafissura, que nomeia o livro, quer se referir às tentativas desesperadas de tantos governos, políticos, igrejas apoiados por uma mídia sensacionalista, para resolver de modo simplificado, problemas complexos, voltados, todos, para as drogas e não para as pessoas. Como plasticidade psíquica, o autor nos propõe a capacidade técnica de responder de outro modo, à capacidade nascida na Reforma Psiquiátrica e consolidada nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dando origem aos Caps AD, como primeira resposta da saúde mental, na substituição dos tratamentos morais e reducionistas centrados na abstinência, na elisão da subjetividade dos corpos e da cidadania das pessoas usuárias de crack.
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