Já não é possível negar a crise climática e o riscos humanos que a nova realidade traz. Apenas a provável savanização da Amazônia é capaz de colocar em xeque toda a agricultura brasileira e, desse modo, potencializar os fluxos migratórios, a pobreza e, no limite, a violência.
Por isso, este livro representa um esforço e um alerta sobre novo tempo climático que o país enfrentará. Conjuga-se nele uma reflexão sobre a transição ecológica e social no Brasil, uma interpretação da história do desenvolvimento econômico brasileiro do ponto de vista ambiental e, por fim, uma discussão sobre as novas possibilidade para o Brasil superar o drama e alcançar uma sociedade menos desigual e destrutiva.
Sua leitura, portanto, é indispensável para quem deseja iniciar no debate que envolve o próprio futuro do país, dos brasileiros e os riscos e oportunidades que se abrem.
A crise climática mundial é uma realidade e o Brasil já conta os prejuízos de enchentes, secas e pragas agrícolas. Não se trata apenas de calor intenso, mas de profunda mudança ambiental, capaz de reduzir as chuvas e transformar a Amazônia em savana.
O problema colocado exige, portanto, além da compreensão das mudanças ambientais, antever os riscos humanos e de segurança nacional.
Mais ainda, é preciso conhecer e difundir tecnologias que amenizem os impactos do clima e preservem o máximo possível os diferentes biomas brasileiros.
Este livro faz um esforço nesse sentido: compreender o tamanho do problema e as tecnologias disponíveis, perceber que a história do desenvolvimento econômico brasileiro está intimamente ligado à crise ambiental no país e refletir sobre os caminhos possíveis ao Brasil que sejam, necessariamente, favoráveis à vida das futuras gerações.
Sobre os organizadores
Francisco de Assis Costa
é professor titular na UFPA e pesquisador da Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist, UFRJ).
Foi visiting fellow no Centre for Brazilian Studies (CBS) da Oxford University.
É membro do Science Panel for the Amazon, sob os auspícios da Sustainable Development Solutions Network, ligado às Nações Unidas.
Foi diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do IPEA em 2011 e 2012.
Marcio Pochmann
é livre docente na área de Economia Social e do Trabalho.
Foi professor titular do Instituto de Economia da UNICAMP e presidente do IPEA entre 2007 e 2012.
Atualmente é presidente do IBGE e professor colaborador voluntário na UNICAMP.
Tem diversos livros e artigos a publicados em economia, com ênfase em Economia Social e do Trabalho.
Ricardo L. C. Amorim
é doutor pela UNICAMP, com pós-doutorado pelo CES da Universidade de Coimbra.
Foi pesquisador do IPEA, diretor no Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e economista da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Serviu como professor visitante da UFABC e professor pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Publicou estudos em Economia Brasileira, Macroeconomia e Desenvolvimento Socioeconômico
Sumário
Prefácio
Apresentação
Capítulo 1. Aspectos teóricos de uma transição ecológica e social no Brasil
Capítulo 2. O meio ambiente no desenvolvimento brasileiro
Capítulo 3. Novas possibilidades para o Brasil
Considerações finais
Referências
APRESENTAÇÃO GERAL DA COLEÇÃO
Este livro que aqui se apresenta é resultado de um esforço coletivo de especialistas e gestores que associam experiência, profissionalismo e vontade de inovação. Resulta da busca do instituto Lula em mais uma vez reunir profissionais de excelência para pensar a sociedade brasileira nos seus mais diversos aspectos, provocar e propor soluções para políticas públicas e sociais.
Entre os anos de 2020 e 2023, a Diretoria do Instituto Lula, composta por Marcio Pochmann, Moises Selerges, Thamires Sampaio, Paulo Okamotto e Juvândia Moreira, se propôs a realizar estudos, ampliar o debate e buscar estratégias de modernização da sua visão de mundo. Alicerçado nessa missão, surgiram projetos de formação de quadros, seminários com participação social, articulação com as universidades, grupos de escutas com especialistas e editais de trabalho para pesquisadores.
Esse volume de conversas, reuniões, estudos, pesquisas e relatórios agora se convertem numa série de livros que tem como objetivo ajudar a pensar o Brasil do futuro. Muito do que foi feito teve a perspectiva de apresentar novas abordagens para temas que insistem em manter-se na agenda social, política e econômica do Brasil. Para isso, a proposta do Instituto Lula em tratar temas já bastante desgastados que permanecem irresolutos foi propor uma discussão de longo prazo, para vinte anos, ou mais. Não pensar no imediato, mas pensar no longo prazo. Sintoma do nosso atraso enquanto sociedade é que estamos sempre correndo atrás do emergencial, de que tudo é urgente e que tudo deve ser resolvido agora.
Como tentar colocar toda água do reservatório dentro do cano de saída de uma única vez. É preciso, para ter bons resultados, controlar o fluxo, organizar o estoque, pensar no longo prazo e nos gargalos. A coleção que aqui se apresenta e da qual faz parte esse volume tem esse proposito: pensar o Brasil, reconhecer seus problemas urgentes, mas dar tempo ao tempo, controlar a ansiedade de fazer tudo de uma vez e evitar o erro de supor que tudo é urgente, porque, seguindo a máxima do ditado popular: se tudo é urgente, nada é prioritário.
Sabemos que ao definir prioridades, selecionamos a sequencia de tarefas, e que obviamente a cada escolha há muitas renuncias. O Instituto Lula insistiu na necessidade de que essas escolhas e preferencias se fizessem entre os especialistas,
professores, lideranças de movimentos sociais, pesquisadores e os participantes anônimos que nos acompanharam, porque isso faz parte do exercício da liderança.
Provocar reações, buscar respostas para tomar as melhores decisões é o papel de uma instituição como o Instituto Lula, subsidiar lideranças com diagnósticos e propostas para que a sociedade brasileira tenha opções de pensamento de longo prazo. Para nós, a doença do ‘curtoprazismo’ precisa ser combatida. Um segundo eixo de trabalho adotado e que vai ficar evidente nas leituras da presente coleção em que essa apresentação perpassa é o fato de considerarmos as mudanças para uma nova Era Digital. Consideramos que a transição da sociedade industrial, que concentrava empregos, riquezas e inovação na área da indústria tem dado sinais de esgotamento e que desponta, como substituição a isso, um período de mudanças associadas a informatização dos serviços e incorporando iniciativas de inteligência artificial que chamaremos de Era Digital.
Como as plataformas de serviços digitais, o incremento do celular, toda a economia em torno do mundo da internet, dos sites e aplicativos foi capaz de fazer uma verdadeira revolução na forma com que nos comunicamos, na forma com que transmitimos informações e também nas formas de organização e circulação de pessoas e produtos? Ter um mapa às mãos com geolocalização em tempo real mudou a logística dos transportes. Assim como ter o aplicativo do banco tirou muitos empregos do caixa. Os totens em lojas de fast food dispensam funcionários e transformam o atendimento, assim como organizar os semáforos com inteligência artificial que monitora o transito aperfeiçoa os fluxos nas cidades. Todas essas transformações e acelerações apresentam desafios às políticas públicas, aos governos e a própria sociedade civil. Discutir em parte esses impactos tomou conta de alguns dos projetos que cercaram o Instituto Lula esses anos.
Boa leitura! Contem conosco,
Marcio Pochmann &
Luís Fernando Vitagliano
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