Sinopse
Justiça Abortada apresenta uma das abordagens mais argutas sobre o papel desempenhado tanto pela medicalização da maternidade e da infância quanto pela repressão à contracepção – sendo aborto uma de suas estratégias – e infanticídio na inserção subsidiárias das mulheres no estado, na ação e na sociedade brasileiras dos finais do século XIX aos anos de 1930. A abordagem feminista, que mantém um olhar atento para a conjunção e gênero e raça, permite que Cassia Roth acompanhe a penetração dos mecanismos estatais, deslindando não apenas os discursos grandiosos e as políticas públicas grandiloquentes. Lança seu olhar para a capilarização dos mecanismos estatais no atendimento médico, nos tribunais, na abordagem policial e mesmo no mundo dos populares. Mulheres com ou sem filhos são chamadas a testemunhar suas adversidades. Optando pela contracepção ou praticando o infanticídio, primíparas ou de múltiplas gestações, casadas, solteiras ou amasiadas, se defrontaram com a ingerência de discursos e práticas pró-natalistas invasivas. O controle de seus corpos alimentou estratégias e resistências, que justificaram lutas persistentes.
— Maria Helena P. T. Machado, Professora titular do Depto. de História da USP
Sobre a autora
Cassia Roth
nasceu em San Francisco, Califórnia em 1986. Doutorou-se na UCLA em 2016 e atualmente é professora de história e estudos latino-americanos na University of Geórgia em Athens, Geórgia. Tem se interessado em questões de justiça reprodutiva e da interseção de raça, classe e gênero nas experiências femininas da saúde no passado. Adotou, em 2014, com seu marido Clayton, um cachorrinho vira-lata de Bonsucesso (Zona Norte do Rio de Janeiro). Chamado Fox, ele agora mora com ela nos EUA.
Sumário
Agradecimentos
Moeda, ortografia e tradução
Prefácio, Luiz Antonio Teixeira
Introdução
Capítulo 1: A lei de responsabilidade, a medicina do gênero, a ciência da raça
Capítulo 2: Construindo a maternidade: obstetras, políticos e a criação de um sistema de saúde reprodutiva
Capítulo 3: Dando à luz, dando à morte: parto, natimortalidade e mortalidade materna
Capítulo 4: Uma “praga de abortos criminosos”: controle de fertilidade e a consolidação da autoridade médica
Capítulo 5: “Ouviu dizer”: fofoca, sexo e raça na capital da República
Capítulo 6: O policiamento da gravidez: a arte de governar, pobreza, e saúde reprodutiva
Capítulo 7: Processando a honra, defendendo a insanidade: aborto e infanticídio nos tribunais
Conclusões
Notas sobre as fontes
Apêndice A
Apêndice B
Apêndice C
Apêndice D
Apêndice E
Referências
Índice remissivo