Estudar a eugenia em seu contexto de emergência histórica é necessário para compreender certos vieses ideológicos e perspectivas tecno políticas que seguem nos acompanhando. E o estudo da eugenia torna-se ainda mais premente, indispensável mesmo, porque a essas permanências vieram somar-se inéditas capacidades técnicas no presente.
Junto às admiráveis inovações tecnológicas em saúde, da engenharia genética à reprodução assistida, devemos estar atentos ao risco, muito concreto, de sustentarmos práticas racistas e colonialistas sob as promessas de progresso e ampliação de horizontes.
A leitura da presente coletânea certamente nos deixará mais preparados para nos posicionarmos criticamente frente a essa inescapável dialética posta para as práticas contemporâneas de saúde.
— José Ricardo Ayres
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Sumário
Apresentação
Parte 1: Eugenia, História e Circularidades
– Capítulo 1 – La eugenesia en el primer franquismo: de la Hispanidad a la Puericultura (1937-1955), Ricardo Campos
– Capítulo 2 – ¿Eugenesia, para qué? Cultura científica, política y religión en el eugenismo argentino. Reflexiones sobre una historia de larga duración, Gustavo Vallejo
– Capítulo 3 – Eugenesia y otredades: la construcción del monstruo mutante en la Argentina del siglo XX, Marisa A. Miranda
– Capítulo 4 – Uma eugenia hormonal: a participação da endocrinologia na indução, diagnóstico e tratamento da esterilidade reprodutiva (1938-1948), Rodrigo Ramos Lima
– Capítulo 5 – Chile y la eugenesia. Historia para armar, Marcelo Sánchez Delgado
– Capítulo 6 – Brasil e Espanha sob as lentes da eugenia: o diálogo de Renato Kehl e Luis Huerta, 1928-1929, André Mota & Ramón Castejon-Bolea
Parte 2: Biotecnologia, Eugenia e Corporalidade
– Capítulo 7 – A saúde persecutória e a nova normatividade eugênica estabelecida pela sinergia riscos pandêmicos/capitalismo de plataforma, Luis David Castiel
– Capítulo 8 – Para além da normalidade: o transhumanismo e a busca da excelência, Denise Bernuzzi de Sant’Anna & Pietra Diwan
– Capítulo 9 – A história da eugenia e suas durações: uma reflexão a partir do debate sobre controle da natalidade, racismo e biopolítica no Brasil, Vanderlei Sebastião de Souza, Robert Wegner & Leonardo Dallacqua de Carvalho
– Capítulo 10 – Eugenia e surdez: das construções conceituais às práticas medicalizantes, Beatriz Lopes Porto Verzolla
– Capítulo 11 – Tecnologias reprodutivas e mercado de gametas: práticas eugênicas renovadas?, Rosana Machin & Consuelo Álvarez Plaza
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Sobre o organizador e organizadora
André Mota
Historiador, professor associado do Departamento de Medicina Preventiva-FMUSP e Coordenador do Museu Histórico-FMUSP. Estuda a história das práticas médicas e de saúde no Brasil e a história da saúde coletiva no Estado de São Paulo. É membro-fundador do Grupo de Estudos e Pesquisa Samuel Pessoa (CNPq) e colaborador honorífico da Faculdad de Medicina de la Universidad Miguel Hernández (Alicante/Espanha). Entre seus livros encontra-se, Tempos Cruzados: a saúde coletiva no Estado de São Paulo 1920-1980, Hucitec/Fapesp, 2020.
Rosana Machin
Socióloga, professora do Departamento de Medicina Preventiva-FMUSP e Coordenadora da Rede Latina de Pesquisadores em Biotecnologias Reprodutivas (REDLIBRE). Sua produção acadêmica investiga concepções e práticas em saúde, adoecimento e cuidado, corpos, corporeidades e tecnologias no campo reprodutivo. É vicecoordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde, Interseccionalidade e Marcadores Sociais da Diferença (CNPq).