“Ser criança é brincar, é interagir, é vivenciar diversos papéis, é estabelecer relações consigo, com os seus pares e com os adultos e no mundo dentro do qual se insere. E através do brincar elas aprendem diversas habilidades que vão permitir para a sua construção futura. É através do jogo da Neca, zotho, pidjonsa (algumas brincadeiras da zona sul do país), que elas estimulam as suas habilidades motoras e até mesmo cognitivas, com as brincadeiras de cozinha vão aprendendo desde cedo a serem boas cozinheiras, ou a serem bons motoristas brincando com os carinhos feitos com arame ou conduzindo um brinquedo de carinho”

— Filomena Araújo, Terapeuta Ocupacional, docente no curso de Licenciatura
em Terapia Ocupacional no Instituto Superior de Ciências de Saúde,
Maputo – Moçambique (ISCISA)

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“Este livro é uma imersão no universo rico e criativo das crianças moçambicanas, vistas como agentes sociais que transformam o mundo ao seu redor. Ao abrir esse livro, você encontrará um mosaico de histórias e imagens que mostram como, em cada brincadeira, essas crianças recriam o mundo à sua maneira. É uma leitura inspiradora para quem deseja compreender a infância em sua essência, repleta de criatividade e significado, abra esse livro e deixe-se surpreender pela beleza e complexidade do universo infantil em Moçambique”.

— Ângelo Alexandre Maiela, Terapeuta Ocupacional, docente no curso de
Licenciatura em Terapia Ocupacional no Instituto Superior de Ciências de Saúde,
Maputo – Moçambique (ISCISA)

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Com domínio das letras, paixão pela pesquisa e competência acadêmica, Marina Pastore nos convida a pensar as brincadeiras de criança – seus brinquedos e cotidianos em contextos diversos em Moçambique. Inspirada na Antropologia, com delicadeza e sabedoria, a autora nos conduz pelas brechas da Terapia Ocupacional, propondo uma forma de pensar o desenvolvimento infantil com os pés bem enraizados na realidade local.

Dos muitos encantamentos que o livro gera, talvez o mais relevante seja a apresentação da singularidade de uma infância moçambicana. Estamos longe de um conceito de infância único e padronizado muitas vezes acionado, mas inocuamente, como unguento para os grandes males
mundiais infantis. As infâncias de Moçambique apresentadas por Marina Pastore nesse livro são um convite ao fascínio da pluralidade das formas de ser criança no mundo atual e a procura por soluções realmente eficazes para o bem-estar das crianças.

Com domínio das letras, paixão pela pesquisa e competência acadêmica, Marina Pastore nos convida a pensar as brincadeiras de criança – seus brinquedos e cotidianos em contextos diversos em Moçambique. Inspirada na Antropologia, com delicadeza e sabedoria, a autora nos conduz pelas brechas da Terapia Ocupacional, propondo uma forma de pensar o desenvolvimento infantil com os pés bem enraizados na realidade local.

— Flávia Pires, Antropóloga, professora e pesquisadora
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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Sumário

Prefácio, Denise Dias Barros
Apresentação

PARTE I – Introdução

Estranhamentos e aproximações: aquilo que me move
Um pouco de cada espaço: reconhecimentos iniciais
“Pedir licença é a primeira coisa que se faz”

Capítulo 1: Histórias passadas e presentes na constituição da imagem da infância africana
1.1 Infância e colonização: relações hierárquicas e negação das diferenças
1.2 Moçambique nos períodos sombrios: caracterização e modos de ser criança na guerra
1.3 O surgimento da infância como campo normativo: reconhecimento, leis e direitos
1.4 Documentos e ajudas humanitárias: de quais crianças falamos?

Capítulo 2: Ser criança em Moçambique: experiências singulares e coletivas
2.1 “Mas nós não trabalhamos!”: o fazer em casa, as tarefas e responsabilidades assumidas pelas crianças nos espaços domésticos
2.2 “Basta completar um ano e pronto, já está a andar sozinha por aí”: a circulação das crianças nos espaços de significação
2.3 “Hoje as crianças todas têm que ir à escola. Na minha época não era assim”: o papel da escola no cotidiano das crianças
2.4 “Agora já cresci, mas ainda faço muitas coisas de criança”: os limites, definições e visões sobre o ser criança

PARTE II – Saberes e fazeres das crianças em Moçambique: retratos do brincar

Capítulo 3: Brincar e criar: a construção de brinquedos e ações de saber-fazer
3.1 “Deitar fora? Awena! Aqui não se deita fora, usamos tudo!”: transformar, criar, reutilizar, inventar, brincar
3.2 “Sou construtor eu! Posso ser o que eu quiser! E vou fazer esse papagaio voar”: catar, quebrar, juntar — as possibilidades da construção a partir da reutilização.
3.3 “Tchaia viola acata”: a construção de instrumentos e a vivacidade da musicalidade
3.4 “Gira, fura, aperta, enrosca. Se ligar, epah, dá corda”: a construção e os conhecimentos na criação de um carrinho elétrico

Capítulo 4: Ecobrincar: (re)criações de paisagens
4.1 “Eles são profissionais de pião. Fazem pião ao profissionalismo”: transformando os elementos em brinquedos
4.2 “Podemos ir ao rio? Queremos brincar…”: os espaços concretos e criações de cenários imaginários
4.3 “Não vais comer isso aí! É pra comer, mas não de verdade!”: recriando vidas e sentidos a partir da transformação
4.4 “Se é bem aqui que encontramos tudo!”: as concepções das crianças sobre o brincar e os espaços de pertencimento

Capítulo 5: Brincadeiras em narrativas (foto)poéticas de criação e imaginação
5.1 Criança-artesã: na suavidade do manuseio, na intensidade da criação
5.2 Brincar-experimento: criar e transformar pela brincadeira
5.3 Fogo e cozinha: brincar e re-criar
5.4 E se toda criança for cientista?
5.5 Brincar ritmado: musicalidade e dança
5.6 Corpo e espaço: brincar em relação

PARTE III – Terapia Ocupacional no contexto de Moçambique

Capítulo 6: Possibilidades e horizontes da terapia ocupacional social em Moçambique
6.1 Brincar e o brinquedo como tecnologia e conhecimento: diálogos com a terapia ocupacional
6.2 Saberes em paisagens: ações territoriais e a Terapia Ocupacional

Capítulo 7: Travessias e outras considerações sobre o devir dos estudos sobrea infância

Referências

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SOBRE A AUTORA

Marina Di Napoli Pastore é graduada em Terapia Ocupacional, com mestrado e doutorado em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (PPGTO UFSCar). Possui pós-doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Atualmente é professora de Licenciatura em Terapia  Ocupacional no Instituto Superior de Ciências de Saúde, em Maputo – Moçambique.

Pesquisadora do Grupo CRIAS – UFPB, da Rede de Infâncias Protagonistas e do Link’Art Áfricas. Responsável pela equipe de apoio psicossocial do Programa Capoeira para um Futuro, que trabalha com crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade social e rupturas sociais em Moçambique, tais como deslocamentos por conflito armado, uniões prematuras, gravidez precoce, pobreza, entre outros. Publicou o livro Uso da tecnologia assistiva e o brincar da criança com deficiência do zero aos quatro anos de idade, junto ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Hu manos (UNESCO Brasil), além de numerosos artigos e capítulos de livros.