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Selecionamos jóias para te deixar com vontade de ler mais!

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1. PEDRO H. G. F. DE SOUZA | UMA HISTÓRIA DE DESIGUALDADE

Ganhador de dois prêmios Jabutis em 2019: de melhor livro do ano e melhor livro na categoria humanidades.

A História da Desigualdade de Pedro Ferreira de Souza é uma história dos ricos. Faz sentido olhar para o topo: uma parte imensa da renda está lá. Por essa razão, toda flutuação na renda dos ricos tem um peso desproporcional na evolução da distribuição total. Quando a concentração é muito alta, os ricos conduzem a dança. Conduzem, mas não ditam como deve ser o baile. Este livro encaixa uma peça importante no quebra-cabeças da história econômica brasileira. Com ele, aprendemos sobre quem ganhou mais e quem ganhou menos em quase um século de desenvolvimento. Trata-se do resultado de um trabalho cauteloso, que envolveu uma coleta de dados atenta, selecionou as informações mais precisas e usou as melhores ferramentas, a fim de apresentar a série histórica mais longa e completa sobre a desigualdade no Brasil. — Marcelo Medeiros

A enorme concentração de renda entre os ricos é uma das características mais marcantes do Brasil. Os números são assustadores: o 1% mais rico recebe quase 25% da renda nacional. Por isso, nada melhor do que contar a história da desigualdade nos últimos cem anos a partir do topo. Será que fomos sempre assim? Este livro faz uso inédito de informações do imposto de renda e de outras fontes nacionais e internacionais para responder essa e outras perguntas. Os resultados mostram que o Brasil seguiu uma trajetória muito diferente do “grande nivelamento” observado nos países ricos,
conjugando estabilidade e mudança de um jeito particular. Embora nossa desigualdade seja alta desde o início do século passado, houve muitas idas e vindas, em geral abruptas, coincidindo com os grandes ciclos políticos do país. A análise desses padrões confirma: a desigualdade realmente é diferente quando vista de cima.

2. LUIZ CECILIO | O CORPO RECUSADO

O corpo recusado é uma narrativa pessoal escrita em linguagem corajosa e direta. Aos 70 anos de idade, Luiz Cecilio revisita o duro caminho para assumir-se gay, tudo complicado por uma infecção pelo HIV no final da década de 1980. Ao desafiar o trocadilho “AIDS, essa porra mata” com seu grito de guerra “Não vou morrer dessa porra!”, ele se arma para travar as batalhas de um homem que, aos 40 anos, decidiu que ainda não era hora de morrer. A obra constrói um retrato dos seus encontros amorosos e sexuais com outros homens, num longo processo de “ocupação” do corpo recusado, o que tem se estendido até o envelhecimento. O autor celebra suas superações, mas reconhece que a serpente do desamor da infância continua engolindo-se pelo próprio rabo: o eterno retorno do corpo recusado.

3. ANDRE MOTA | TEMPOS CRUZADOS: A SAÚDE COLETIVA NO ESTADO DE SÃO PAULO, 1920-1980

Tempos Cruzados é um estudo que busca compreender, em perspectiva histórica, contextos para o surgimento da Saúde Coletiva no Estado de São Paulo entre os anos 1970-1980. Captura-se, portanto, tecnologias, políticas de Estado e a participação de seus membros nas propostas da chamada Reforma Sanitária, na elaboração do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como, na sua institucionalização em programas acadêmicos de pós-graduação e serviços de saúde, redundando em temas que ao serem analisados em dimensões regionais, revelam temporalidades e particularidades decisivas para apreensões mais complexas do viver.

4. GILBERTO HOCHMAN, KAORI KODAMA & DOMINICHI MIRANDA DE SÁ (ORG.) | DIÁRIO DA PANDEMIA: O OLHAR DOS HISTORIADORES

O que está acontecendo em 2020? Quem poderia indicar o que nos espera nos próximos meses ou anos? O que foi mesmo que ocorreu nos últimos dias? Eventos do passado, recentes ou distantes, têm relação com o nosso vertiginoso presente? “Diário da Pandemia” reúne registros cotidianos de historiadores sobre a Covid-19 no Brasil e no exterior. Na forma de um diário coletivo, a crise sanitária planetária é analisada à luz da história. A coletânea procura demonstrar que não compreenderemos bem novas epidemias e pandemias sem trabalhos históricos, e, sobretudo, sem pesquisas transdisciplinares especialmente atentas às inter-relações entre sistemas naturais e sociais. As contribuições dos historiadores no livro também abordam hábitos de higiene; relações de gênero e étnico-raciais; biomedicina; saúde pública; meio ambiente; práticas de cuidados e cura; relações internacionais; os interesses dos diversos atores sociais; poder e política; economia e desigualdade; as interseções entre ciência e sociedade; medo, dor, sofrimento e defesa da vida. Há temas de maior interesse e urgência aos habitantes do mundo de hoje?

5. HELENA PETTA | UNIDADE BÁSICA: A SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA NA TV

Um livro que resulta do doutorado da autora Helena Petta, conta o processo de criação e produção da série médica da TV brasileira criada por ela: Unidade Básica, da produtora Gullane e televisionado pelo canal Universal TV. A série inova em muitos aspectos; é a primeira vez que a ação transcorre dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a porta de entrada da rede pública de saúde, e mostra o cotidiano das equipes de médicos, enfermeiros, atendentes, auxiliares, agentes comunitários e estagiários que atuam nessas estruturas. Além disso, trata de casos reais e muito frequentes, escolhidos após uma imersão dos roteiristas em uma UBS paulistana no bairro do Brás. Também se preocupa em abordar os méritos e as carências da rede de medicina de família e comunidade que se espalhou pelo País.

E no livro Helena analisa os limites e as potencialidades gerados pelo diálogo entre o campo da Saúde Coletiva e a comunicação na grande mídia, baseando-se na descrição densa do processo de elaboração da série em suas diversas etapas (desenvolvimento; pré-produção, filmagem, edição dos episódios e divulgação), depoimentos de informantes-chave (profissionais envolvidos na produção da série) e repercussões colhidas na mídia e redes sociais (de forma não sistemática). O material empírico da pesquisa foi produzido e interpretado à luz de conceitos reconstrutivos considerados relevantes no campo da Saúde Coletiva e com pano de fundo o Sistema Único de Saúde (SUS). Eis um instrumento valioso que pode ser usado na formação dos profissionais de saúde e agradar a todo o público admirador da série e defensor de uma saúde pública, gratuita e universal.

Qual chamou mais sua atenção?