Depois de muitos anos sem nova reedição, esse mês chega uma obra importante para entendermos o Brasi, “Independência: História e Historiografia” organizado pelo professor István Jancsó. Essa obra é enorme! São 936 páginas em formato 18x26cm, um tamanho fora do comum – os mais conhecidos são 14x21cm ou 16x23cm. E nesse ano que celebramos o bicentenário da Independência do Brasil, essa obra segue sendo atual e necessária.
Veja o sumário clicando na capa do livro.
Aproveitamos para celebrar o organizador!
Biografia do professor István Jansó
Nascido na Hungria, sua família, proveniente da Transilvânia (atual Romênia), estabeleceu-se no começo do século XVIII no que hoje é a Eslováquia. Seu pai era oficial do exército húngaro e lutou na frente russa durante a Segunda Guerra, quando a Hungria era aliada ao Eixo. “No fim da guerra, meu pai não quis voltar para o país e optou pela emigração. A Hungria dele havia acabado. Essas foram as suas palavras”. Assim a família, “com dois filhos e nenhum recurso” e sem conhecer a língua portuguesa, emigrou para o Brasil, em 1948.
Ingressou na Universidade de São Paulo em 1960, no curso de História, onde foi aluno de Emília Viotti da Costa, Fernando Novais, Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Candido e Florestan Fernandes. Graduou-se em 1963 e logo foi convidado pelo professor Eduardo de Oliveira França para dar aulas de História Moderna e Contemporânea na USP, onde lecionou desde março de 1964 até 1966, quando aceitou um convite para ensinar na Universidade Federal da Bahia. Já na vigência do regime militar no país, mudou-se para Salvador, onde lecionou na UFBA (de 1966 a 1971) e onde nasceram seus dois filhos.
Nessa época, passa a participar clandestinamente do movimento sindical e acaba por ter que sair do Brasil. Vai para a França, onde frequentou os seminários de Pierre Vilar e foi contratado para dar aulas na Universidade de Nantes (1971-1972). Decidiu voltar ao Brasil, antes de concluir sua tese, decidido a continuar sua militância política, em pleno governo Médici. Pouco mais de um ano depois, foi preso em Ijuí, no Rio Grande do Sul. Seu apartamento no Rio de Janeiro foi então revirado pelas forças da ordem e vários documentos foram levados, inclusive os originais de sua tese, já pronta. Na prisão, em consequência do tratamento recebido, perdeu parcialmente a audição.
Em 1989, volta ser professor da USP (mediante concurso público), onde irá coordenar o Centro de Apoio à Pesquisa Histórica e dirigir o Instituto de Estudos Brasileiros e o Projeto Temático Brasil: Formação do Estado e da Nação. Criou a revista eletrônica Almanack Brasiliense, dedicada à publicação de estudos sobre a história da América portuguesa, a partir de meados do século XVIII, e do Império do Brasil. Finalmente, a grande aventura final de sua vida foi dirigir o Projeto Brasiliana USP – a incorporação da Biblioteca Guita e José Mindlin ao acervo da USP.
Jancsó concebeu todo o projeto da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da qual foi o primeiro diretor. Coordenava o processo de digitalização das obras doadas pelo bibliófilo José Mindlin (1914 – 2010) e a construção de uma biblioteca para abrigar fisicamente o acervo. Mas não pode concluir o projeto.
István Jancsó faleceu em 2010, aos 72 anos, em consequência de complicações renais decorrentes de um câncer. A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin foi inaugurada em 23 de março de 2013, exatamente três anos após a morte do historiador.
E temos outra organizada pelo professor no nosso catálogo: